Confira a sinopse da novela Travessia
Foto: Globo/Fábio Rocha
Por Fabiana Fuchs e Laura Barbosa
Dramas humanos, encontros, desencontros, amores, decepções, ambição. Uma trama que mostra que viver pode ser um desafio, com obstáculos, mas, tambĂ©m, com superação e alegrias. E que a grande beleza do destino Ă© sempre encontrar formas de seguir adiante. É com esses elementos que ‘Travessia’, novela das nove da TV Globo que estreia no dia 10 de outubro, escrita por Gloria Perez e com direção artĂstica de Mauro Mendonça Filho, promete emocionar, divertir e fazer refletir.
Velhos conhecidos da humanidade, os boatos, as intrigas e os fuxicos sempre foram capazes de promover estragos e mudanças de rumo na vida das pessoas. “A internet e as redes sociais ampliaram esse poder e a informação maliciosa já nĂŁo fica mais restrita ao boca-a-boca. Agora, ela se propaga rapidamente e sem limites geográficos”, fala Gloria Perez. E Ă© este o ponto de partida da histĂłria: uma deepfake (inteligĂŞncia artificial usada para fazer montagens substituindo rostos e vozes em vĂdeos realistas) produzida aleatoriamente e divulgada nas redes sociais.
Em Portugal, um grupo de jovens faz uma montagem, de brincadeira, em um vĂdeo, sem avaliar o quĂŁo prejudicial ela pode ser. Do outro lado do mundo, no interior do MaranhĂŁo, essa ação impacta e transforma radicalmente a vida de Brisa (Lucy Alves), que se vĂŞ obrigada a encarar uma longa e complexa jornada para recuperar sua identidade e sua vida de volta. Marca da autora Gloria Perez, ‘Travessia’ Ă© um folhetim clássico, e a trama, dessa vez, mostrará os limites Ă©ticos e morais – ou a falta deles – em um mundo que ainda aprende a lidar com o Ă´nus e o bĂ´nus trazidos pela internet.
Gloria destaca que suas histĂłrias tĂŞm o intuito de divertir, envolver atravĂ©s da emoção e, tambĂ©m, fazer pensar sobre alguns temas. AlĂ©m disso, Ă© muito comum nas obras da autora trazer para a dramaturgia protagonistas fortes. “A Brisa Ă© exatamente assim: intensa, cheia de personalidade e atitude, tambĂ©m de muita ternura e alegria. Tendo ficado ĂłrfĂŁ muito cedo, cresceu nas casas de um e de outro, aprendendo a se virar sozinha, a se defender sozinha. Tem a força e as carĂŞncias dos sobreviventes. Como todas as minhas protagonistas, vai enfrentar os obstáculos com os quais terá que lidar em sua travessia, com os erros, acertos, a coragem e as fragilidades que fazem parte da complexidade humana”, adianta.
Mauro Mendonça Filho conta que, alĂ©m de uma trama central contundente, “Travessia’ traz assuntos que mexem com as pessoas atravĂ©s de personagens cativantes. É uma novela com emoção, romance, drama, humor, mĂşsica e beleza”, descreve. O diretor artĂstico da obra acrescenta que, mesmo com temas relacionados aos avanços do mundo digital, que ainda sĂŁo pouco conhecidos, o pĂşblico nĂŁo verá uma obra cheia de efeitos ou computação. “O foco da novela está no humano, no quanto o uso desenfreado de internet, celular, redes sociais, robĂ´s e inteligĂŞncia artificial tĂŞm alterado as relações e o comportamento das pessoas. A histĂłria se desenvolve no eixo MaranhĂŁo–Rio de Janeiro–Lisboa, com todas as matizes e diferenças culturais de cada lugar bem esclarecidas, mas aproximadas pelo uso da tecnologia. Como sempre, Gloria abordando assuntos relevantes e de identificação universal”, destaca.
Em ‘Travessia’, a verdade nunca se rende. Criada e escrita por Gloria Perez, a novela tem direção artĂstica de Mauro Mendonça Filho, direção de Walter Carvalho, Andre Barros, Mariana Richard e Caio Campos. A produção Ă© de Claudio Dager e Tatiana Poggi; e a direção de gĂŞnero Ă© de JosĂ© Luiz Villamarim.
Onde a travessia começa: o Maranhão
No interior do Maranhão, às margens dos Lençóis Maranhenses, cresceram Ari (João Bravo/Chay Suede) e Brisa (Mariah Yohana/Lucy Alves). Ele, filho adorado de dona Núbia (Drica Moraes), uma comerciante local que destinou todas as economias para dar ao menino condições de galgar um futuro melhor. Ari estudou, formou-se em Arquitetura e, incentivado por Dante (Marcos Caruso), seu professor e mentor desde a infância, dedica-se à defesa do patrimônio histórico maranhense. Já Brisa é uma jovem que cresceu órfã e tirou desta ausência forças para se tornar uma mulher determinada e batalhadora. Ela pulsa a cultura de seu estado: dança em rodas de Tambor de Crioula e se apresenta em grupos de Bumba Meu Boi. Não tem medo do trabalho, ganha a vida como lavadeira, e encara o que for preciso para garantir seu sustento.
Na adolescĂŞncia, Ari e Brisa eram sinĂ´nimo de implicância mĂştua. Mas, aos poucos, o coração falou mais alto e eles engataram um romance. Puro e despretensioso. Pelo menos no inĂcio. As coisas aceleram quando eles descobrem que estĂŁo esperando um bebĂŞ. Quando começa ‘Travessia’, Ari e Brisa – e o filho do casal, Tonho (Vicente Alvite) – já moram juntos há alguns anos e estĂŁo prestes a oficializar o casamento.
Quem nĂŁo gosta nada disso Ă© NĂşbia. Para ela, o filho “estudado” e promissor merecia coisa melhor do que gastar com esse casamento o tempo e o dinheiro que poderia estar usando para ser um homem bem-sucedido na capital SĂŁo LuĂs, onde se formou. Brisa nĂŁo entende, já que Ă© ela quem topa qualquer trabalho para manter a famĂlia, enquanto Ari se aprimora em sua tese de doutorado.
Os lamentos de Núbia sobram para Adalgisa (Priscilla Vilela), sua amiga e fiel escudeira. E ela cumpre bem a função de manter a comerciante informada sobre todas as fofocas da região. Brisa, por outro lado, encontra apoio em Tininha (Gabrielly Mota/Camila Rocha), sua amiga de infância, que sabe acolher e encorajar Brisa na medida certa. É ela quem conhece as reais aflições da amiga, que só deseja viver uma vida feliz ao lado de seu amado e de seu filho.
A ideia da festa de casamento de Ari e Brisa parece simples, nĂŁo fosse uma oportunidade que pode virar a vida do casal: uma chance de Ari viajar para o Rio de Janeiro. Lá, ele poderá investigar mais de perto os passos da construtora Guerra, que está planejando derrubar um dos casarões histĂłricos do MaranhĂŁo e construir no lugar um moderno shopping center – projeto que ele está decidido a combater. E ainda poderá reencontrar o professor Dante, que está na cidade para um tratamento de saĂşde. Dante Ă© para Ari uma referĂŞncia. E o professor, por sua vez, vĂŞ o jovem como seu sucessor na luta pela preservação do patrimĂ´nio maranhense.
Mas a viagem, que tinha tudo para ser promissora, vira um imbrĂłglio. Brisa, que apoia e confia nos planos de Ari, topa adiar a data do casamento, sĂł que ele demora tempo demais em terras fluminenses e passa a dar cada vez menos notĂcias. Ela estranha o comportamento e, preocupada, decide ir atrás do “namorido”. Quando está na rodoviária de SĂŁo LuĂs, prestes a embarcar, se vĂŞ em meio a uma grande confusĂŁo. Trata-se de uma deepfake. Um vĂdeo foi editado de maneira irresponsável, do outro lado do mundo, e o rosto de uma criminosa foi trocado pelo seu. O material viraliza nas redes sociais e, a partir deste momento, atravessa de maneira transformadora a vida da jovem.
A deepfake que vira a vida de Brisa de ponta cabeça
Em Portugal, um grupo de jovens faz uma manipulação de imagem em um vĂdeo, trocando o rosto de uma mulher que corre com uma criança no colo, que identificam como uma sequestradora caçada pela polĂcia, por outro rosto escolhido de forma aleatĂłria. É Brisa. E como na internet as coisas parecem se espalhar na velocidade da luz, a histĂłria ganha nas redes contornos mais dramáticos, sendo acrescentadas novas informações no boca-a-boca. Prestes a pegar um Ă´nibus com destino ao Rio de Janeiro para reencontrar seu amor, a maranhense Ă© reconhecida na rua. Logo a informação se espalha e, em efeito cascata, Brisa Ă© cercada. Há muita tensĂŁo e ela ainda nĂŁo entende o que está acontecendo. Precisa sair daquela cena de terror.
É nesse momento que o destino de Brisa cruza com o de Oto (Romulo Estrela), um hacker, sem endereço fixo, meio nĂ´made, que está em uma missĂŁo secreta em SĂŁo LuĂs. Sua estada na cidade deve ser o mais invisĂvel possĂvel, por isso ele se assusta ao se deparar com aquele tumulto no meio da rua. AlĂ©m dos ânimos inflamados das pessoas, já há policiais no local e atĂ© emissora de televisĂŁo fazendo a cobertura. Oto precisa sair dali rápido e sem chamar atenção. Ele consegue escapar, mas nĂŁo tem ideia da “surpresa” que está levando consigo: Brisa se esconde no porta-malas do carro de Oto e o pesadelo de ambos começa. Há um clima de desconfiança e antipatia mĂştuo no ar. E um alto potencial de atração tambĂ©m, embora nenhum dos dois esteja consciente – ainda – disso. Juntos, com toda essa tensĂŁo instaurada, eles seguem para o destino final, o Rio de Janeiro.
Em terras cariocas, Ari já fez amizades e, através delas, conhece Chiara (Jade Picon). Seus horizontes se ampliam e um mundo novo se descortina para ele. Tem sentimentos por Brisa, mas também quer viver as possibilidades que estão aparecendo à sua frente. Em sua cabeça, vive um conflito entre o que acha ser moralmente aceitável e todos os novos sentimentos.
Já Chiara, embora nĂŁo dĂŞ o braço a torcer, logo se interessa pelo jovem vindo do MaranhĂŁo. Ela Ă© uma menina mimada e manipuladora, acostumada a ter tudo o que quer. É a filha de Guerra (Humberto Martins), dono da construtora que quer destruir o casarĂŁo histĂłrico de SĂŁo LuĂs. Em um primeiro momento, Ari acha que tem tudo sob controle e que, ao se aproximar da jovem, terá a chance de conhecer os bastidores da empresa e conseguir informações para nĂŁo deixar que o patrimĂ´nio histĂłrico seja destruĂdo. Ele tem a ilusĂŁo de que pode controlar a situação, mas coração Ă© terra de ninguĂ©m e sua relação com Chiara, aos poucos, vai ultrapassando o nĂvel do flerte.
O que nem ele nem ninguĂ©m no MaranhĂŁo tĂŞm ideia Ă© que Brisa, enquanto isso, enfrenta enormes problemas que podem custar sua prĂłpria vida. Antes de ser surpreendida pela tentativa de linchamento, a maranhense avisa para Ari que está indo ao seu encontro no Rio de Janeiro. Mas, subitamente, para de dar notĂcias. No inĂcio, Ari se preocupa com a mĂŁe de seu filho. Ele a procura, sofre com o desaparecimento da moça e se atormenta pela culpa de ter desejado Chiara. Mas o tempo vai passando, informações desencontradas ganham espaço e ele acaba se deixando levar pela atração que sente pela herdeira de Guerra e pela nova vida que vai se desenhando pra ele.
Os conflitos em torno do casarĂŁo histĂłrico
Desde muito novo, Ari (Chay Suede) Ă© um defensor ferrenho do tombamento do patrimĂ´nio histĂłrico de SĂŁo LuĂs. Por isso, milita na campanha contra o empresário Guerra (Humberto Martins), que há alguns anos tem o projeto de construir ali um shopping center. Uma licitação para a venda de um dos casarões do local acaba de ser aberta e isso mobiliza ainda mais os defensores do tombamento.
Nessa disputa pela compra do imĂłvel, Guerra (Humberto Martins) tem um adversário importante: Moretti (Rodrigo Lombardi). As desavenças entre os dois nĂŁo se limitam aos interesses comerciais. Questões pessoais transformaram os amigos fraternos, e um dia sĂłcios, em inimigos viscerais. Atualmente, Moretti vive em Portugal, onde se dedica Ă construção civil e remodelamento de prĂ©dios antigos. De lá, se manteve em silencio durante muitos anos, observando todos os movimentos do concorrente e esperando o momento propĂcio de atacar. A hora chegou!
Sem se manifestar, Moretti não deixa transparecer nenhum interesse sobre a licitação. Lançada a concorrência, ele recorre a Oto (Romulo Estrela), seu assessor e pessoa de confiança. A relação dos dois começou alguns anos antes, quando Oto, ainda na faculdade de Direito, chamou a atenção do empresário. O jovem invadiu a conta de um banco e a própria empresa de Moretti. Seu objetivo não era tirar proveito financeiro da ação, mas sim medir forças com sistemas poderosos. Tempos depois, Moretti o contrata e os dois, além de trabalharem juntos, se tornam amigos.
EntĂŁo, diante dos riscos que envolvem a operação, Moretti recorre Ă s habilidades do assessor, em vez de contratar alguĂ©m conhecido do mercado. A missĂŁo de Oto Ă© descobrir, atravĂ©s do hackeamento, os valores apresentados por Guerra na licitação. E ele nĂŁo pode correr o risco de ser reconhecido ao fazer esse trabalho. Consideram, portanto, que seria menos suspeito ir a SĂŁo LuĂs para a missĂŁo, já que o sucesso da operação depende de ele nĂŁo ser reconhecido – um risco que certamente seria maior se ele ficasse em Lisboa ou fosse para o Rio de Janeiro, onde fica a empresa de Guerra.
Oto Ă© o cara perfeito para a missĂŁo. AlĂ©m de ser leal a Moretti e de total confiança, nĂŁo possui endereço fixo, indo para onde seu trabalho exige. De forma quase invisĂvel, usando nome falso e sem levantar suspeitas, o rapaz conclui o objetivo. Mas ele nĂŁo esperava ter seu destino entrelaçado com o de Brisa (Lucy Alves).
A construtora Guerra e a desavença com Moretti
Anos atrás, Guerra (Humberto Martins) e Moretti (Rodrigo Lombardi) levantaram a construtora, herança do pai de Guerra. Foram mais que amigos, mas tiveram um abrupto rompimento quando Guerra descobriu que Moretti o havia traĂdo com DĂ©bora (Grazi Massafera), mulher com quem pretendia se casar e por quem estava completamente apaixonado. De origem humilde, DĂ©bora se acostumou facilmente Ă s mordomias que vieram junto com o noivado.
Após a briga, Moretti saiu do Brasil com destino à Portugal, onde continuou trabalhando no ramo de construção. Os dois nunca mais se falaram ou se viram, mas o rancor entre eles permaneceu firme, ainda que em silêncio.
Nesse meio tempo, Guerra se manteve solteiro. DĂ©bora, seu grande amor – e grande decepção tambĂ©m – morreu em um acidente logo apĂłs a descoberta da traição e o tĂ©rmino da relação. Na ocasiĂŁo, estava grávida de Chiara (Jade Picon), fruto de seu romance com Moretti que, aliás, nunca soube que tem uma filha. Guardando esse segredo, Guerra assume a menina ainda no hospital, logo que DĂ©bora morre. Ele Ă© um homem intempestivo, passional, mas tambĂ©m capaz de gestos generosos, mesmo que em um primeiro momento eles sejam em benefĂcio dele mesmo – ou da filha.
Chiara cresce e se torna uma jovem mimada, por vezes petulante e controladora. Tratada como princesa pelo pai, que sempre fez todas as suas vontades, se sente como tal: tem tudo o que quer e nĂŁo aceita os nĂŁos que a vida possa vir a lhe dar.
Neste universo tambĂ©m está Cidália (Cassia Kis), a pessoa que melhor conhece a famĂlia Guerra. Assessora, workaholic e aliada de Guerra na construtora, tem, com toda a sua objetividade e clareza de pensamentos, grande influĂŞncia sobre ele, trazendo-o, muitas vezes, de volta ao prumo, controlando a impulsividade do empresário. Ela guarda o sonho de se tornar sĂłcia da construtora, na qual trabalha desde a fundação, o que garante um empenho extra Ă sua competĂŞncia no trabalho.
Recém-contratada na Guerra como Assessora de Marketing, Talita (Dandara Nascimento) é quem abre as portas do local para Ari (Chay Suede), sem saber de seu interesse de reunir provas contra seu novo chefe. Ela é a namorada de Gil (Rafael Losso), que acolhe o maranhense quando ele chega ao Rio de Janeiro. É também através de Talita que Ari conhece e se aproxima de Chiara (Jade Picon).
Conflito entre irmĂŁs
Quando ‘Travessia’ começa, Moretti (Rodrigo Lombardi) está prestes a se casar com Guida (Alessandra Negrini), em Portugal. Os dois se reencontraram há pouco tempo, mas sĂŁo velhos conhecidos: anos atrás, Moretti foi namorado de Leonor (Vanessa Giacomo), irmĂŁ de Guida, que passou uma temporada no exterior emendando cursos e especializações. Guida tem um filho, Rudá (Guilherme Cabral), de quem Leonor Ă© madrinha. Tia e sobrinho tĂŞm um relacionamento excelente. Com a mĂŁe, Ă© o contrário: o filho tem pouco diálogo e quase nenhuma intimidade. A relação entre eles fica ainda mais superficial apĂłs o casamento, já que Rudá e Moretti tĂŞm personalidades muito distintas.
Há algum tempo sem se ver, o reencontro das irmĂŁs se dá na ocasiĂŁo do casamento. Leonor viaja para Lisboa para a cerimĂ´nia. De personalidade brincalhona, Guida faz suspense sobre quem Ă© o noivo. Ela nĂŁo faz de propĂłsito. É uma mulher bem-humorada e – atĂ© entĂŁo – tinha certeza de que Moretti era página virada na vida da irmĂŁ. Quando Leonor descobre quem Ă© o noivo, um mar de ressentimentos vem Ă tona. Mágoas antigas e profundas que nunca haviam sido verbalizadas aparecem, e a relação das irmĂŁs, que parecia ser sĂłlida e de cumplicidade, fica muito fragilizada.
PrĂłxima parada: Vila Isabel
Voltemos ao Rio de Janeiro, o destino final de Brisa (Lucy Alves) na busca por Ari (Chay Suede). Aos trancos e barrancos, ela chega Ă capital fluminense. Mas essa travessia Ă©, do inĂcio ao fim, espinhosa, dolorida e cheia de intempĂ©ries. Quando acha que finalmente retomará o prumo de sua vida e ficará ao lado de seu amor, Brisa descobre que o noivo nĂŁo está mais no endereço que ela tem anotado desde sua partida. O pesadelo nĂŁo acabou: Ari se mudou há alguns dias e nĂŁo há notĂcias do rapaz pela redondeza. Ela se desespera, está sozinha novamente. AlĂ©m de nĂŁo conhecer ninguĂ©m na cidade, nĂŁo tem dinheiro, bolsa ou celular. Perdeu tudo na confusĂŁo em SĂŁo LuĂs. Marineide (Flávia Reis) trabalha no prĂ©dio onde Brisa foi procurar Ari e, ao vĂŞ-la, se comove com toda a situação. Mesmo sem conhecĂŞ-la, se solidariza e se oferece para levá-la Ă sua casa, em Vila Isabel.
O marido de Marineide Ă© Joel (Nando Cunha), garçom do “Encanto da Vila”, bar muito conhecido da regiĂŁo. Ele Ă© boa gente, bem-humorado. Aquele tipo de profissional que conhece cada cliente pelo nome, assim como o gosto de todos eles. Ao ser acolhida por essa famĂlia, a vida de Brisa começa a tomar um novo rumo: Joel consegue um trabalho para ela no bar e a moça vai juntando dinheiro para voltar para sua cidade para rever o filho.
A essa altura, já corre aos quatro cantos de todo o MaranhĂŁo que Brisa fugiu do interior, deixou o filho com a avĂł paterna e foi vista com outro homem pelas ruas de SĂŁo LuĂs. Mais uma fake news sobre ela que se espalha. Ari fica sabendo e uma parte dele nĂŁo acredita na fofoca; enquanto a outra quer muito crer que tenha sido realmente dessa forma, pois assim ele se livra da culpa de estar envolvido com Chiara (Jade Picon).
Enquanto isso, sem ter ideia da nova onda de boatos que se espalhou, Brisa junta dinheiro. Já tem o suficiente para voltar para casa e reencontrar Tonho (Vicente Alvite), mas se surpreende quando chega ao MaranhĂŁo e descobre que o menino nĂŁo está mais com NĂşbia (Drica Moraes). A pedido de Guerra (Humberto Martins), que quer dominar o novo genro e afastá-lo de seu passado, Ari leva o filho para o Rio de Janeiro. Desesperada, Brisa retorna, determinada a localizar Ari e resgatar Tonho. Novamente em Vila Isabel, ela volta a morar com a famĂlia de Joel e a trabalhar no bar. Sua busca pelo filho começa agora. E ela contará com a ajuda da madrinha Creusa (Luci Pereira) e da delegada HelĂ´ (Giovanna Antonelli).
HelĂ´, Stenio e o jogo de gato e rato do ex-casal
Velhos conhecidos do público, a delegada Helô e o advogado Stenio (Alexandre Nero) estão de volta. Ao contrário do que se imaginava, o casal não foi feliz para sempre. As divergências novamente falaram mais alto e eles estão separados. Apesar disso, a profissão dos dois sempre os reúne, mesmo que em posições opostas: ela ao lado dos inocentes e ele defendendo os acusados.
Stenio segue sendo aquele advogado que nĂŁo julga o cliente e defende sua inocĂŞncia com a garra e a paixĂŁo de quem acredita, realmente, nela, atĂ© mesmo lançando mĂŁo de meios pouco ortodoxos, caso necessário. Agora, ele tem uma sĂłcia, a tambĂ©m advogada LaĂs (Indira Nascimento). Ela Ă© casada com Monteiro (AĂlton Graça), um professor de histĂłria que nĂŁo aceita ver que sua filha adolescente, Isa (Duda Santos), cresceu e quer criar asas. Os dois tambĂ©m sĂŁo pais de Theo (Ricardo Silva).
Já HelĂ´ (Giovanna Antonelli) agora tem mais uma especialização: crimes digitais. E acaba de assumir uma nova delegacia. Essencialmente, permanece a mesma mulher incorruptĂvel, com inabaláveis valores Ă©ticos e morais, forte e determinada na repressĂŁo ao crime. Na nova delegacia, ela trabalha com a investigadora Yone (Yohama Eshima). Passará por lá a disputa envolvendo Brisa (Lucy Alves) e Ari (Chay Suede) por Tonho (Vicente Alvite), entre outros casos que servirĂŁo como pano de fundo para muitos desentendimentos e reviravoltas na vida do ex-casal #Steloisa.
Primeiras gravações de Travessia: Portugal e Maranhão
‘Travessia’ começou a ser gravada em julho deste ano e o pontapĂ© inicial para esta jornada foi dado do outro lado do Atlântico. Durante uma semana de trabalho intenso, cartões postais de Lisboa como os famosos bairros do Chiado e Arroios, alĂ©m das cidades de SetĂşbal e Ă“bidos, serviram de locações para a trama e de aquecimento para as primeiras trocas no set entre elenco, direção e equipes de produção da novela. Por lá passaram os atores Vanessa Giacomo, Alexandre Nero, Romulo Estrela, Rodrigo Lombardi e Guilherme Cabral.
“Portugal Ă©, certamente, um dos lugares mais interessantes da Europa e que se desenvolveu lindamente. Filmamos nos espaços mais cheios e icĂ´nicos de Lisboa, como a Praça do ComĂ©rcio, a Praça LuĂs de Camões, o Garrett, o Elevador de Santa Justa. TambĂ©m fomos a Ă“bidos, um lugar lindĂssimo, medieval, e estivemos na Quinta da Bacalhoa, uma vinĂcola num casario bastante antigo de SetĂşbal”, detalha o diretor artĂstico da obra, Mauro Mendonça Filho. Os espaços ambientaram parte da trama do casamento de Guida (Alessandra Negrini) e Moretti (Rodrigo Lombardi), alĂ©m das cenas da criação da deepfake que muda completamente os rumos de Brisa (Lucy Alves).
De volta ao Brasil, a equipe começou a filmar externas no Rio de Janeiro e, em agosto, um time com cerca de 120 profissionais desembarcou no MaranhĂŁo, onde ficou por quatro semanas, gravando e mergulhando na cultura local do estado onde começa a trama de ‘Travessia’. Ao todo, foram mais de 30 locações para as gravações, que aconteceram nĂŁo sĂł pelas ruas de SĂŁo LuĂs e no Centro HistĂłrico da capital, mas tambĂ©m nos Lençóis Maranhenses e na praia de Atins. AlĂ©m dos protagonistas Lucy Alves, Chay Suede e Romulo Estrela, tambĂ©m filmaram por lá os atores Marcos Caruso, Drica Moraes, Priscilla Vilela, Camila Rocha, JoĂŁo Bravo e Mariah Yohana.
As margens dos Lençóis Maranhenses aqueceram os primeiros encontros de Brisa e Ari (Chay Suede), emprestando Ă s cenas, que vĂŁo da infância Ă juventude do casal, as caracterĂsticas tĂpicas de um vilarejo interiorano, onde os dois personagens nasceram e foram criados. Já no Centro HistĂłrico houve o encontro do elenco com a cultura pulsante do estado, um patrimĂ´nio a cĂ©u aberto que coloriu as imagens registradas para a novela e tornaram ainda mais palpáveis as motivações dos personagens que lutam pela preservação daquele ambiente. Casas de grupos de Tambor de Crioula, igrejas e casarões histĂłricos, ruas e cruzamentos que fizeram parte da origem de SĂŁo LuĂs foram visitados e receberam as equipes, acrescentando ainda mais riqueza Ă parte visual da novela.
A ida ao MaranhĂŁo enriqueceu tambĂ©m a composição da personalidade e linguagem dos personagens oriundos do estado. Os atores ouviram e viveram os sotaques, tradições e costumes dos moradores de SĂŁo LuĂs, se familiarizando com o povo que representam na trama e entendendo mais sobre sua histĂłria. A produção de arte tambĂ©m fez um intenso mergulho no acervo e comĂ©rcio maranhense, e vários dos objetos presentes nos cenários de Brisa e NĂşbia (Drica Moraes) – filmados no MaranhĂŁo e, depois, construĂdos nos EstĂşdios Globo – foram adquiridos de produtores locais.
Dando ainda mais vida ao texto de Gloria Perez, grupos de Tambor de Crioula e Bumba meu Boi do MaranhĂŁo foram nĂŁo sĂł fonte de inspiração, estudo e pesquisa para ‘Travessia’ como parte integrante da novela. Eles participaram das gravações entoando cantos e danças, que tiveram inĂcio na tradição maranhense no sĂ©culo XVIII e, desde entĂŁo, encantam o mundo todo pela potĂŞncia e exuberância que representam.
Gravar no estado era um desejo antigo da autora, que se apaixonou pela regiĂŁo desde os primeiros momentos de sua pesquisa para a trama. “Sempre tive muita curiosidade pelo MaranhĂŁo. É um estado que tem uma cultura muito prĂłpria, muita personalidade, atĂ© pela sua formação: começa com uma ocupação francesa, depois vĂŞm os holandeses e depois Ă© que chegam os portugueses. AlĂ©m disso tĂŞm ali os indĂgenas, os africanos e toda essa mistura resulta em um caldo cultural muito rico, que se expressa atravĂ©s do folclore, da arte, da mĂşsica, da dança”, explica Gloria Perez.
Rio de Janeiro, MaranhĂŁo e Portugal em mais de dez mil metros quadrados de área construĂda
Para retratar os cenários de ‘Travessia’ foram implantadas, em uma área de mais de 7 mil metros quadrados dos EstĂşdios Globo, as cidades cenográficas da novela. Os espaços reproduzem o bairro de Vila Isabel, na zona norte do Rio de Janeiro, e parte do MaranhĂŁo – mais especificamente, a venda de dona NĂşbia (Drica Moraes). AlĂ©m disso, sĂŁo mais de 3 mil metros quadrados de cenários de estĂşdio, sendo mil deles de cenários fixos. Toda a diversidade desses espaços atende aos diferentes nĂşcleos da trama. Ao todo, mais de 300 pessoas estiveram diretamente envolvidas na concepção e execução desses projetos, desde as áreas de cenografia, produção de arte, fotografia, análise de projetos e planejamento Ă fabricação e montagem de cenários.
Em Vila Isabel, um dos ambientes mais desafiadores para a equipe foi a reprodução do bar “Encanto da Vila”. A cenĂłgrafa Cleo Megale destaca tambĂ©m a riqueza de detalhes do comĂ©rcio de NĂşbia, que fica na parte construĂda da cidade dedicada ao interior do MaranhĂŁo: “Foram vários desafios na construção de nossas cidades cenográficas, mas o maior deles foi a reprodução de um autĂŞntico bar de Vila Isabel, onde artistas populares, eventualmente, participarĂŁo no decorrer da novela. A fachada e o interior do bar, rico em detalhes, nos remetem ao universo boĂŞmio do bairro”. Nininha Medicis, produtora de arte de ‘Travessia’, tambĂ©m destaca as particularidades do bar. “Fizemos uma imersĂŁo em Vila Isabel para entrar no universo boĂŞmio do bairro. O ‘Encanto da Vila’ está lindo, montamos uma cozinha completĂssima, onde nossa protagonista trabalhará”, revela.
Já para a criação da venda de NĂşbia, a equipe fez uma vasta pesquisa nos vilarejos dos Lençóis Maranhenses para retratar a arquitetura, hábitos e costumes locais. “Sendo a Ăşnica venda do vilarejo, o comĂ©rcio oferece todo tipo de mercadoria, incluindo artesanato local, redes e rendas de bilro, tornando o espaço rico em detalhes. Na viagem ao MaranhĂŁo compramos muito elementos locais para compor tanto a venda e a casa da NĂşbia, como tambĂ©m a casa de Brisa”, conta Nininha.
Nesse inĂcio, os ambientes construĂdos em estĂşdio representando os nĂşcleos do MaranhĂŁo, temos as casas de Brisa (Lucy Alves) e de NĂşbia (Drica Moraes). Entre os cenários do Rio de Janeiro estĂŁo o apartamento e a construtora de Guerra (Humberto Martins), a delegacia e apartamento de HelĂ´ (Giovanna Antonelli), o apartamento e escritĂłrio de Advocacia de Stenio (Alexandre Nero) e LaĂs (Indira Nascimento), alĂ©m do apartamento dela com Monteiro (Ailton Graça), o apartamento de Gil (Rafael Losso), a quitinete de Dante (Marcos Caruso) e o apartamento de Tia Cotinha (Ana Lucia Torre). TambĂ©m foram construĂdos a casa de Moretti, no Rio (Rodrigo Lombardi), e o apartamento do personagem em Portugal. “Nas montagens dos cenários procuramos sempre dar a cara de cada personagem. Stenio Ă© um cara vaidoso e que tem mania de arrumação, sua casa Ă© milimetricamente arrumada e seu banheiro lotado de produtos de beleza. Já HelĂ´ Ă© um pouco mais relax, gosta de coisas pessoais, mas sua casa tem um quĂŞ de elegância, já que foi montada quando ela ainda era casada com o advogado, mas com um pouco de relaxamento. Já Guerra e Moretti possuem casas elegantes, com elementos modernos, ostentando riqueza”, exemplifica Nininha.
Para retratar em estĂşdio o regionalismo das casas de Brisa e NĂşbia, no interior do MaranhĂŁo, a cenĂłgrafa Cleo Megale conta que os projetos foram elaborados a partir de pesquisas dos elementos caracterĂsticos do local. “Uma equipe foi ao MaranhĂŁo para conhecer e vivenciar os costumes, a vida no local e quais tipos de materiais e mobiliários sĂŁo usados nas casas e estabelecimentos comerciais”. Nininha Medicis complementa: “O universo do MaranhĂŁo Ă© muito rico. Trabalhamos muito com material e comidas locais, e usamos as cores vivas do Bumba Meu Boi e do Tambor de Crioula”. A produtora de arte conta ainda que sua equipe produziu mais de 2 mil metros de bandeirinhas, alĂ©m de almofadas de bilro e as embalagens de comidas e bebidas locais.
Já para mostrar a grandiosidade da Guerra Construtora, alguns elementos foram fundamentais: “A construtora Ă© um cenário importante na trama da novela. Os espaços foram pensados de maneira que expressem imponĂŞncia, atravĂ©s do pĂ© direto duplo e estrutura metálica marcante, caracterizando o interior de uma grande empresa”, destaca Cleo Megale. Ela ainda detalha que os cenários fixos nos estĂşdios do MG4 foram construĂdos com materiais e revestimentos verdadeiros, o que traz mais realidade aos espaços. “Um exemplo disso Ă© a utilização de porcelanatos de grandes formatos, placas de 1,20x2,80m, no cenário do apartamento de Guerra”, cita a cenĂłgrafa.
O visual ajudando a contar a histĂłria
Em ‘Travessia’, Fernando Torquatto e Rachel Furman, dupla que assina a caracterização da trama, mergulhou no texto para criar a identidade visual de cada um deles. “É um quebra-cabeças, porque a gente nĂŁo pode pensar nos personagens individualmente. Temos um olhar 360 sobre a trama, os nĂşcleos e a vivĂŞncia de cada um para irmos pensando como esses personagens serĂŁo”, conta Torquatto.
Durante as preparações, houve diferentes processos que geraram resultados que acompanham a histĂłria dos personagens. Para Brisa (Lucy Alves), por exemplo, a dupla buscou um frescor, mantendo as caracterĂsticas locais maranhenses, mas dando tambĂ©m uma pegada contemporânea ao visual da protagonista. Foram usados tons acobreados e dourados tanto no cabelo quanto na maquiagem. Brisa traz os fios bem compridos, que geram movimento de acordo com as expressões corporais da atriz.
Leonor (Vanessa Giacomo), por outro lado, Ă© uma personagem que passou anos fora do Brasil e conhece vários lugares do mundo. Por isso, precisava ter um visual prático, cosmopolita. Fernando e Rachel conversaram com a intĂ©rprete, mostraram referĂŞncias e, na hora da caracterização, Vanessa Giacomo topou o corte bem curtinho. “Desenhamos os personagens de acordo com sua vivĂŞncia, e a personalidade do que foi escrito para eles, dando pinceladas que mostram, de alguma forma, o mood de cada um”, justifica Torquatto.
A dupla tambĂ©m aposta em algumas tendĂŞncias que acreditam que vĂŁo encantar o pĂşblico: os detalhes em metais aplicados prĂłximo aos olhos na maquiagem de Chiara (Jade Picon) e as unhas da delegada HelĂ´ (Giovanna Antonelli). “Chiara nĂŁo usará nada de delineador, e a atriz tambĂ©m cortou os fios. A personagem mostra a quintessĂŞncia da juventude de hoje em dia, Ă© uma jovem que nĂŁo quer ser igual Ă s outras meninas, com muito senso de estilo e personalidade. Apostamos nos metais ouro rosĂ© para ela, que vĂŁo dar um toque jovem Ă personagem”, diz o caracterizaador. “Quando Jade Picon experimentou o acessĂłrio pela primeira vez disse na hora: ‘Vai virar trend’”, lembra a dupla, aos risos.
Sobre HelĂ´, eles adiantam: “A delegada mantĂ©m seu DNA marcante, mas chega, dez anos depois, trazendo algumas novidades. Está ainda mais exuberante, com o cabelo mais longo, bem quente, em um tom caramelo queimado que, acredito, vai virar moda. AlĂ©m disso, ela usará unhas pontudas, pintadas de transparente, mas com as pontas coloridas que tambĂ©m farĂŁo sucesso”.
Mais uma das preocupações de Rachel e Torquatto foi manter a continuidade das cenas. Para isso, o elenco masculino da novela precisa cortar os cabelos, em mĂ©dia, a cada 15 dias. Os cortes sĂŁo diferentes: enquanto Moretti (Rodrigo Lombardi) ostenta um cabelo mais comprido, com topete, refletindo seu ar bon vivant, por exemplo, Oto (Romulo Estrela) tem os fios mais curtinhos e com um detalhe em rebaixo nas laterais – um estilo mais descolado para um hacker que já visitou vários paĂses ao redor do mundo.
Entrevista com a autora Gloria Perez
Formada em HistĂłria pela UFRJ, Gloria começou sua carreira como autora de telenovelas, em 1983, com a função de colaboradora de Janete Clair em ‘Eu prometo’. Com o falecimento da autora titular, assumiu a responsabilidade e levou a histĂłria atĂ© o fim, com a supervisĂŁo de Dias Gomes. No ano seguinte, assinou sua primeira novela como titular, em parceria com Aguinaldo Silva, ‘Partido Alto’. É autora de várias novelas de sucesso, como ‘Barriga de Aluguel’ (1991), ‘Explode Coração’ (1995), ‘O Clone’ (2001) e ‘AmĂ©rica’ (2005). Suas produções já lhe renderam diversos prĂŞmios. ‘Caminho das ĂŤndias’ (2009) foi a primeira produção nacional a ganhar o prĂŞmio Emmy Internacional de melhor telenovela. Gloria assinou tambĂ©m as minissĂ©ries ‘Desejo’ (1990), ‘Hilda FuracĂŁo’ (1998) e ‘AmazĂ´nia – De Galvez a Chico Mendes’ (2007). Em 2012, escreveu a novela ‘Salve Jorge’, e, em 2014, estreou o seriado ‘Dupla Identidade’. Uma marca dos trabalhos de Gloria Perez sĂŁo as temáticas de alcance social que introduz em suas obras. Crianças desaparecidas, dependentes quĂmicos, saĂşde mental e tráfico humano sĂŁo alguns assuntos já abordados, com ampla repercussĂŁo. Toda a trama - e a repercussĂŁo dela - contra as drogas em ‘O Clone’ foi premiada nos Estados Unidos pelo FBI e pelo DEA, departamento responsável pela repressĂŁo a crimes relacionados ao tráfico de drogas. Em ‘A Força do Querer’ (2017), a autora abordou a questĂŁo do gĂŞnero e a compulsĂŁo por jogo, entre outros assuntos. Em ‘Travessia’, será a vez de falar sobre acessibilidade.
Já é uma marca as suas obras sempre trazerem assuntos potentes e diversos também...
Num âmbito geral, minhas novelas são histórias escritas com o intuito de emocionar, envolver as pessoas através da emoção, divertir e fazer pensar, refletir sobre alguns assuntos. Sempre tenho a preocupação de trazer temas relevantes e que gerem debates e reflexões; questões com muita força de interesse do público.
Como nasce a histĂłria de ‘Travessia’?
O ponto de partida da nossa histĂłria Ă© uma deepfake que acaba por transformar radicalmente, num efeito dominĂł, a vida de algumas pessoas. A novela vai tratar de como a internet introduz, no nosso cotidiano, dramas novos, conflitos que as gerações anteriores nĂŁo viveram e que dĂŁo um formato muito novo Ă queles que conhecemos desde sempre como a calĂşnia, a extorsĂŁo, o assĂ©dio, a chantagem, e tantos outros mais. Vamos falar da inteligĂŞncia artificial trazendo grandes benefĂcios e, ao mesmo tempo, deixando pessoas desempregadas. TambĂ©m de como as redes sociais, dando voz a todos e possibilitando encontros inviáveis na vida real, funcionam como perigoso mecanismo de controle e abrem portas para novas modalidades de crimes. A internet inaugura maneiras de viver as amizades, os romances, o sexo... A aposta Ă© que esse pano de fundo, mostrando como todas essas inovações sĂŁo vividas no cotidiano das pessoas, seja um poderoso chamariz para despertar a atenção do pĂşblico que vive e convive com os dramas e conflitos relatados pela novela. AlĂ©m de funcionar como alerta para as muitas ciladas embutidas no encanto da vida virtual.
A novela fala de amor, encontros e desencontros, de ambição... Desse pano de fundo que a internet traz pra vida das pessoas. Como Ă© mesclar todos esses assuntos? Isso Ă© uma caracterĂstica muito sua, das suas obras. O pĂşblico já espera que venha tambĂ©m algum tema superatual...
Todos os meus personagens tĂŞm histĂłrias e, por meio delas, vamos levantando algumas questões, como o embate do homem com a máquina – um assunto pesado, mas que vai ser mostrado de uma forma mais leve, com humor, ao mesmo tempo que leva Ă reflexĂŁo. Quem quiser pensar sĂ©rio sobre o tema, pensa. Quem nĂŁo quiser, apenas ri da situação. Outra situação que vamos abordar Ă© o assĂ©dio pela internet, um drama atualĂssimo do nosso mundo moderno. Vamos explorar quantos conflitos humanos novos a internet criou. A cada avanço da tecnologia, novos conflitos. A contemporaneidade da tecnologia serve como pano de fundo afetando a vida de todos, todos os nĂşcleos sĂŁo afetados por isso. É essa a vida que nĂłs estamos vivendo hoje.
A história se passa no Rio de Janeiro e também tem uma ambientação no Maranhão, de onde vem a protagonista, Brisa. Há ainda o núcleo de Moretti em Portugal. Como se deu a escolha desses locais?
A novela tem como cenário o MaranhĂŁo, o Rio de Janeiro e Portugal, em pesos diferentes. Rio de Janeiro e MaranhĂŁo estĂŁo muito equilibrados. Sempre tive muita curiosidade pelo MaranhĂŁo. É um estado que tem uma cultura muito prĂłpria, muita personalidade, atĂ© pela sua prĂłpria formação: começa com uma ocupação francesa, depois vĂŞm os holandeses e depois Ă© que chegam os portugueses. AlĂ©m disso tĂŞm ali os indĂgenas, os africanos e toda essa mistura resulta em um caldo cultural muito rico, que se expressa atravĂ©s do folclore, da arte, da mĂşsica, da dança. Aqui no Rio, escolhi um lugar para situar o coração da novela, que Ă© Vila Isabel: um bairro que tem muito a personalidade da cidade, musical, alegre, com uma tradição cultural tambĂ©m muito interessante. Já Portugal Ă© a referĂŞncia de um brasileiro que sai do Brasil para fazer sua vida em outro paĂs, algo que está acontecendo muito. NĂŁo vou mostrar a cultura portuguesa dessa vez. O que faz sentido para essa histĂłria Ă© que esse personagem, Moretti (Rodrigo Lombardi), que tinha que sair do paĂs, vá trabalhar em outro lugar. E Portugal me pareceu como sendo muito viável, atĂ© mesmo pela profissĂŁo dele, que Ă© construtor.
A história de Brisa é árdua. Ela está prestes a se casar e vê sua vida virada de cabeça para baixo por conta de uma deepfake. Precisa recuperar sua identidade. Conta um pouco sobre essa mocinha.
Brisa vai passar por uma situação horrorosa, mas uma caracterĂstica dela – assim como das minhas protagonistas, sempre – Ă© ser uma mulher altiva, forte. Que enverga, mas nĂŁo quebra! A Brisa Ă© exatamente assim: intensa, cheia de personalidade e atitude, tambĂ©m de muita ternura e alegria. Tendo ficado ĂłrfĂŁ muito cedo, cresceu nas casas de um e de outro, aprendendo a se virar sozinha, a se defender sozinha. Tem a força e as carĂŞncias dos sobreviventes. Como todas as minhas protagonistas, vai enfrentar os obstáculos com os quais terá que lidar em sua travessia, com os erros, acertos, a coragem e as fragilidades, que fazem parte da complexidade humana. Ela nem entende por que sua vida vira de cabeça para baixo. VĂtima de uma deepfake, ela Ă© quase linchada por uma situação que nĂŁo entende. E ela, claro, fica apavorada. Pede socorro no carro de um homem que ela acha que tambĂ©m está sendo procurado pela polĂcia e ela nĂŁo sabe por quais crimes. Consegue chegar ao Rio de Janeiro, onde nĂŁo conhece ninguĂ©m alĂ©m do Oto. A polĂcia está atrás dela, e ela acaba sendo presa com uma arma na mĂŁo. Ela está tĂŁo amedrontada que nĂŁo diz sequer o nome na delegacia por medo da situação ficar pior. E ainda fica sem comunicação com ninguĂ©m, porque a bolsa dela Ă© roubada e hoje em dia ninguĂ©m decora nĂşmero nenhum de telefone. Brisa Ă© uma mulher muito forte, mas que vai passar por toda essa situação. E o que vai defini-la como forte nĂŁo Ă© cair, mas saber levantar. Eu disse isso para a Lucy (Alves, protagonista): se vocĂŞ nunca caiu, nunca foi derrubada por uma situação vivida, como vai saber que Ă© forte? A Brisa Ă© testada pela vida de cara. E levanta, para lutar. Ela sabe levantar!
VocĂŞ costuma acompanhar o processo de inĂcio dos trabalhos com o elenco, faz visitas ao set? Costuma fazer parte do processo, desde a preparação atĂ© gravações?
Me envolvo muito! Converso pessoalmente com os atores, com o diretor, acompanho as leituras. A primeira leitura que fizemos desta novela foi muito boa! Ali já encontramos um tom muito bacana e, de cara, já gostei muito do que vi. Também estive nos Estúdios Globo no primeiro dia de gravações, e acompanhei algumas outras depois.
E você ajudou na escolha do elenco? Temos grandes nomes nessa obra, um trio de protagonistas jovem, mas já muito conhecido do público, e também grandes apostas.
Me envolvo na escalação, sim. Fui eu que escolhi a Lucy, por exemplo, gosto muito dela desde que a vi no ‘The Voice Brasil’ e, a partir dali, já queria fazer uma novela com ela. Em cada ator, nĂłs, autores, temos que reconhecer que ele Ă© como um instrumento. Eu tenho uma partitura, que no caso Ă© a personagem, e o ator tem que corresponder Ă quilo. Se, por acaso, o ator nĂŁo corresponde ao que vocĂŞ imaginou para ele, vocĂŞ tem que aceitá-lo e ter tempo de adequar o papel Ă s caracterĂsticas dele. O autor tem tudo a ver com o elenco. E tem que se apaixonar pelo ator para escrever para ele. Assim como o diretor, que vai ter que conviver com o talento diariamente. Tem que ser uma escolha alinhada, em concordância, uma coincidĂŞncia de escolha. Porque se um dos dois nĂŁo concordam, nĂŁo dá certo.
E como você descreve sua parceria com o Mauro Mendonça Filho?
Somos uma dupla acelerada, louca! (risos). É meu segundo trabalho com Maurinho, mas a primeira novela. O primeiro trabalho foi ‘Dupla Identidade’.
Falando ainda em elenco, alguns personagens de Salve Jorge como HelĂ´, Stenio e Creusa estĂŁo de volta em ‘Travessia’. Como Ă© a continuidade desses personagens na nova novela?
Eles voltam e os trĂŞs estĂŁo envolvidos, de alguma forma, na histĂłria central da deepfake, que vai perseguir a protagonista durante a novela. HelĂ´, Stenio e Creusa sĂŁo personagens que ficaram muito impressos na imaginação das pessoas e, constantemente, me pediam de volta. E eu tinha uma histĂłria onde necessariamente teria que ter um advogado e a polĂcia. Lembrei dos dois e achei que seria um charme trazĂŞ-los! Eles tĂŞm uma função na histĂłria central e que combina com o temperamento e com a relação deles. Se na vida pessoal eles tĂŞm um vĂnculo, estĂŁo unidos atravĂ©s do afeto, no âmbito profissional estĂŁo sempre batendo de frente. Unido a eles, trouxemos Creusa, divina com seu “DonelĂ´”, que Ă© a madrinha da protagonista, de volta Ă casa da delegada e querendo unir novamente esse casal que, agora, está separado.
A dança também é uma marca muito particular das suas tramas. Conte um pouco sobre isso.
A dança de salĂŁo nĂŁo pode faltar nas minhas novelas! Com o fim da Gafieira, que era um cenário lindo, nĂŁo quis substitui-la em ‘Travessia’ por um quadrado ou um cenário qualquer. EntĂŁo, aproveitando o bar de Vila Isabel, pedi para Maurinho fazer um calçadĂŁo. Ali sempre estará tocando alguma mĂşsica. A ideia Ă© que as pessoas dancem ali.
Entrevista com diretor artĂstico Mauro Mendonça Filho
Mauro Mendonça Filho estreou na direção em 1990 com a minissĂ©rie ‘A.E.I.O. Urca’, de Doc Comparato e Carlos Manga. Antes disso, exerceu funções de editor de vĂdeo e assistente de direção em inĂşmeras novelas, incluindo ‘A Gata Comeu’ e ‘Vale Tudo’. Há 35 anos na Globo, Mauro Mendonça Filho tem formação em Comunicação, Cinema, Artes dramáticas e Direção de Teatro. Dirigiu ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’, ‘Gabriela’, ‘O Astro’, ‘Dupla Identidade’, ‘Amor Ă Vida’ e a sĂ©rie ‘Vade Retro’, e, mais recentemente, foi o diretor artĂstico de ‘O Outro Lado do ParaĂso’, em 2017. Por ´Verdades Secretas’ e ‘O Astro’ recebeu o prĂŞmio Emmy Internacional nas edições de 2016 e 2012, respectivamente. É o Ăşnico diretor de TV no Brasil que conquistou duas vezes a estatueta.
O pontapĂ© inicial das gravações de ‘Travessia’ foi dado em Portugal. Como foi gravar por lá?
As filmagens correram superbem, com locações Ăłtimas. Filmamos nos espaços mais cheios e icĂ´nicos de Lisboa, como a Praça do ComĂ©rcio, a Praça LuĂs de Camões, a rua Garrett, o Elevador de Santa Justa. TambĂ©m fomos a Ă“bidos, um lugar lindĂssimo, medieval, e estivemos na Quinta da Bacalhoa, uma vinĂcola num casario bastante antigo de SetĂşbal. Portugal Ă© uma cidade deliciosa, um dos lugares mais legais da Europa, muito solar, muito alegre. Com uma noite maravilhosa e uma gastronomia deliciosa. Lisboa Ă© deslumbrante, com uma arquitetura linda. A gente se sente em casa, falando portuguĂŞs. Para a equipe toda isso Ă© um sossego. E brasileiros e portugueses se gostam demais! A relação Ă© muito cortĂŞs, com algumas diferenças evidentes, mas semelhanças muito grandes tambĂ©m. Ao fim daquela semana de gravações, ficamos muito felizes porque conseguimos realizar tudo o que tĂnhamos previsto nos roteiros. Foi um excelente start com o elenco e equipe, em uma atmosfera muito boa.
A trama de ‘Travessia’ começa no MaranhĂŁo. Como se deu a escolha do estado e das locações que vocĂŞs usaram para gravar a novela? E qual foi o desafio nessa temporada maranhense?
O MaranhĂŁo foi uma escolha da Gloria. Um estado com uma riqueza cultural imensa, nĂŁo sĂł em termos geográficos, mas de colonização, arquitetura, do folclore, das festas populares. É ela que estamos trazendo atravĂ©s do Bumba Meu Boi, uma festa que representa a pura formação do homem brasileiro, por Ăndios, brancos europeus e o escravizado africano, uma celebração muito antiga, do imaginário daquele povo, e lindĂssima. Tem tambĂ©m a festa do Tambor de Crioula, de influĂŞncia africana, igualmente maravilhosa. E tem as riquezas naturais que sĂŁo um absurdo, um dos lugares mais lindos que eu já fui. As regiões de Atins, Lençóis, Mandacaru e Barreirinhas sĂŁo deslumbrantes, mágicas, quase futuristas de tĂŁo impressionantes. E tem tambĂ©m a arquitetura do MaranhĂŁo. SĂŁo LuĂs tem influĂŞncia portuguesa, francesa, holandesa, a maior preservação de azulejos de toda a AmĂ©rica Latina. Deslumbrante! Tem hora que vocĂŞ atĂ© pensa que está em Portugal, de tanto azulejo que vĂŞ. AlĂ©m de lindo, com toda essa riqueza cultural, tem um povo muito gentil, muito cortĂŞs, muito educado. Quanto aos desafios, o maior deles foi chegar aos locais, porque a boa locação nunca está na beira da estrada. A gente teve que correr atrás dela! (risos). Mas tivemos muita colaboração do povo maranhense.
O que vocĂŞ tem priorizado na direção desta obra para garantir a unidade visual da trama? Quais sĂŁo os diferenciais de ‘Travessia’?
Em histĂłrias realistas, ainda mais no universo da Gloria Perez, Ă© preciso ser muito fiel ao que ela propõe. Acredito que a essĂŞncia central da histĂłria te leve Ă uma estĂ©tica. Tem um colorido no MaranhĂŁo muito bonito. Os dramas nĂŁo precisam abrir mĂŁo da alegria e da leveza visual para serem contados. A natureza abundante tambĂ©m traz essa leveza. Aproximei um pouco mais as lentes das pessoas. Evitei os desfocados para ver bem o entorno. No Rio de Janeiro, nĂłs, cariocas, somos resilientes na manutenção do bom humor – uma das nossas maiores virtudes.
Como foi a escalação do elenco?
No fim das contas a gente acaba sendo escolhido pelo elenco. Eles sĂŁo tĂŁo legais, tĂŁo incrĂveis... E quando a gente convida e eles aceitam, me sinto tambĂ©m sendo escolhido por eles, em uma relação recĂproca. Adoro ator, sou filho de atores e adoro estar com eles. Gosto de fazer o que gosto de assistir. Quem me leva, como pĂşblico, para um lugar que faz meu coração bater diferente Ă© a emoção de grandes atores. E temos um elenco com grandes atores comprometidos, de alto nĂvel.
É a estreia de Lucy Alves como protagonista em uma trama inteira. Como tem sido trabalhar com ela?
Eu já havia trabalhado com Lucy, ela como cantora. E ela chega agora como protagonista. Lucy Ă© de JoĂŁo Pessoa, adoro aquela terra. Pessoal da ParaĂba tem uma erudição, uma consistĂŞncia impressionante. Atores, grupos de teatro, artistas da ParaĂba sĂŁo muito bons, sempre muito verdadeiros, intensos. Lucy traz essa tradição do paraibano, de ser verdadeira, trabalhadora, honesta, sincera, sem muita vaidade; ela vai fundo nas coisas. Ela Ă© uma estrela da mĂşsica, já fez alguns papeis em televisĂŁo e cinema, e acho que essa novela traz para ela o estrelato definitivo. AlĂ©m de excelente atriz, Ă© a cara do Brasil, uma mulher lindĂssima.
Quais os principais ingredientes dessa trama?
Gloria Perez Ă© uma gĂŞnia ao trazer questões que estĂŁo aĂ, tanto no inconsciente quanto na rua, e que sĂŁo questões universais. Ela tem essa capacidade, uma percepção rara ao trazer certos incĂ´modos. Estamos fazendo essa travessia de uma forma muito acelerada, onde adoramos toda a tecnologia dos celulares, internet, redes sociais, compras online e, ao mesmo tempo, temos medo da inteligĂŞncia artificial, dos algoritmos, do controle, de estarmos sendo vigiados. Essa percepção Ă© central na nossa histĂłria, de uma forma sutil e subjetiva, mas que afeta todos os personagens. Nossa histĂłria tem amor, romance, traição, crime, sedução, questões sociais. Mas, por dentro de tudo isso, tem uma amálgama que Ă© essa transição que estamos fazendo para ficarmos absolutamente conectados atravĂ©s do mundo digital. É um mundo que, ao mesmo tempo que nos fascina, tambĂ©m nos assusta.
‘Travessia’ Ă© mais uma dobradinha sua com Gloria. Como foi o processo inicial do trabalho de vocĂŞs?
Fizemos juntos um trabalho muito bem-sucedido, ‘Dupla Identidade’. Estamos retomando essa parceria. Fui descobrindo a novela Ă medida que Gloria ia escrevendo e, assim, fomos construindo tudo muito em conjunto. O que mais apontou um caminho para a gente foi definirmos que nĂŁo terĂamos uma novela high-tech, ultratecnolĂłgica, cheia de efeitos mirabolantes. Nosso foco Ă© a relação humana e os efeitos da internet nas pessoas, nas famĂlias, nas histĂłrias de cada um.
O que os espectadores podem esperar de ‘Travessia’?
Um novelĂŁo! Com amores, tragĂ©dia, humores, sensualidade, dramas. Personagens bem definidos, incrĂveis, consistentes, com a cara e a diversidade do Brasil. Gloria Ă© uma autora de personagens que caem no gosto do pĂşblico.
Perfil dos personagens
Protagonistas
Brisa (Mariah Yohana / Lucy Alves) – Batalhadora e independente, Brisa (Lucy Alves), que Ă© ĂłrfĂŁ, mora no interior do MaranhĂŁo com o “namorido” Ari (Chay Suede) e o filho deles, Tonho (Vicente Alvite). Forte e aguerrida, ela Ă© lavadeira e dança em grupos de Tambor de Crioula e Bumba Meu Boi. NĂŁo foge a qualquer trabalho que garanta o sustento e a felicidade de sua famĂlia.
Ari (JoĂŁo Bravo / Chay Suede) – Inteligente e idealista, ele Ă© o filho de NĂşbia (Drica Moraes). Estudou em SĂŁo LuĂs, mas sempre passava as fĂ©rias no interior, com a mĂŁe. Prestes a se casar com Brisa (Lucy Alves), com quem tem um filho, Tonho (Vicente Alvite), viaja para o Rio de Janeiro para recolher provas contra a demolição de um casarĂŁo histĂłrico de SĂŁo LuĂs. Com seu professor e grande mentor, Dante (Marcos Caruso), Ari luta pela preservação do patrimĂ´nio histĂłrico e cultural do MaranhĂŁo.
Oto (Romulo Estrela) – Hacker, trabalha com Moretti (Rodrigo Lombardi) e Ă© o homem de confiança do empresário. Leal, direto. Sem endereço fixo, leva uma vida um pouco nĂ´made: vai para onde seu trabalho exigir, nĂŁo tem grandes amarras que o prendam a qualquer lugar.
NĂşcleo MaranhĂŁo
NĂşbia (Drica Moraes) – MĂŁe de Ari (Chay Suede), tem um comĂ©rcio no interior do MaranhĂŁo, onde vive. Mulher trabalhadora, de classe mĂ©dia, depositou todas as economias que conseguiu com o trabalho na educação e criação solo do filho Ăşnico, e enxerga nele a possibilidade de ascensĂŁo que sempre sonhou. Encrenqueira, vaidosa, deslumbrada, ambiciosa.
Dante (Marcos Caruso) – Professor humanista e profundo conhecedor da histĂłria do MaranhĂŁo. É o mentor de Ari (Chay Suede) e enxerga o “discĂpulo” como seu sucessor na luta pela preservação do patrimĂ´nio histĂłrico de SĂŁo LuĂs.
Adalgisa (Priscilla Vilela) – Amiga de NĂşbia (Drica Moraes), sua principal confidente no interior do MaranhĂŁo. NĂŁo deixa nenhuma fofoca da vizinhança escapar aos conhecimentos da amiga.
Tininha (Gabrielly Mota / Camila Rocha) – Melhor amiga de Brisa (Lucy Alves) no MaranhĂŁo. Sabe ser ombro amigo e encorajar a amiga na medida certa. Faz isso desde quando as duas eram crianças.
Tonho (Vicente Alvite) – Filho de Brisa (Lucy Alves) e Ari (Chay Suede).
NĂşcleo Construtora / Rio de Janeiro
Guerra (Humberto Martins) – Astuto, explosivo e ágil, o empresário carioca Ă© dono de uma construtora que herdou do pai. Seu atual principal projeto Ă© ganhar a licitação da venda de um dos casarões da zona histĂłrica de SĂŁo LuĂs para construir um moderno shopping center. É pai da mimada Chiara (Jade Picon), que ele esconde ser filha biolĂłgica de seu arqui-inimigo, Moretti (Rodrigo Lombardi). Ele era seu amigo e sĂłcio, mas os dois se tornaram rivais apĂłs Moretti se envolver com sua noiva, DĂ©bora (Grazi Massafera). A filha Ă© seu ponto fraco, Ă© quem desperta seu lado emocional.
Chiara (Jade Picon) – Mimada e manipuladora, a jovem Ă© acostumada a ter tudo o que deseja. Todos pensam que Ă© filha de Guerra (Humberto Martins), mas seus pais biolĂłgicos sĂŁo, na verdade, Moretti (Rodrigo Lombardi) e DĂ©bora (Grazi Massafera).
Cidália (Cassia Kis) – Assessora e aliada de Guerra (Humberto Martins) na construtora. É uma mulher objetiva. Independente, sofre os preconceitos que atingem a mulher que nĂŁo quis se casar nem ter filhos. Tem no trabalho sua principal motivação. Sonha em se tornar sĂłcia da empresa na qual trabalha desde que foi fundada, pelo pai de Guerra.
DĂ©bora (Grazi Massafera) – DĂ©bora Ă© de origem humilde, mas se acostumou facilmente Ă s mordomias que vieram junto com o noivado com o afortunado Guerra (Humberto Martins). Sabe de sua exuberância e nĂŁo se importa de usá-la a seu favor. Acaba se envolvendo com Moretti (Rodrigo Lombardi) e engravidando. Pouco depois, sofre um acidente de carro, mas consegue dar Ă luz Chiara (Jade Picon). Participação especial na primeira fase da trama.
Talita (Dandara Mariana) – Cheia de boas ideias, Talita consegue um emprego na construtora de Guerra (Humberto Martins) e logo cativa o chefe pelo seu tino para os negĂłcios. Sabe usar os conhecimentos em Marketing para olhar e prospectar o futuro, por isso Ă© uma peça importante para a construtora. Mulher forte e empreendedora, Ă© comprometida com Gil (Rafael Losso).
Gil (Rafael Losso) – Namorado de Talita (Dandara Mariana) e entusiasta dos azulejos portugueses. Amigo virtual de Ari (Chay Suede), o hospeda em sua casa quando o jovem chega ao Rio de Janeiro.
LĂdia (Bel Kutner) – Secretária de Guerra (Humberto Martins) na construtora. NĂŁo mede esforços para manter tudo em ordem para o chefe rigoroso e para equilibrar os pratinhos das ordens vindas dele e de Cidália (Cassia Kis). É amiga de Talita (Dandara Mariana).
Julia (Nathália FalcĂŁo) – Melhor amiga e confidente de Chiara (Jade Picon).
Diná (Renata Tobelem) – Funcionária da casa de Guerra (Humberto Martins).
NĂşcleo Portugal
Moretti (Rodrigo Lombardi) – Empresário do ramo da Construção Civil, já foi amigo e sĂłcio de Guerra (Humberto Martins), mas os dois se tornaram rivais apĂłs Moretti se envolver com a amada do parceiro, DĂ©bora (Grazi Massafera). Agora, Moretti mora em Portugal. É pai biolĂłgico de Chiara, mas nĂŁo faz ideia disso. Casado com Guida (Alessandra Negrini). É um tipo cerebral, e nĂŁo engole a rasteira nos negĂłcios que o levou a recomeçar a vida em outro paĂs. Por isso, entre os seus planos está o de atrapalhar o atual projeto da construtora Guerra.
Guida (Alessandra Negrini) – IrmĂŁ mais velha de Leonor (Vanessa Giacomo), prima da delegada HelĂ´ (Giovanna Antonelli) e mĂŁe de Rudá (Guilherme Cabral). Alegre, festeira, sempre foi cheia de namorados. Acaba de se casar com Moretti (Rodrigo Lombardi), com quem vive em Portugal. Traz desde a infância o senso protetor com a irmĂŁ, mas nĂŁo consegue se conectar tĂŁo bem com o filho, a quem mandou estudar no exterior por uma longa temporada.
Leonor (Vanessa Giacomo) – IrmĂŁ mais nova de Guida (Alessandra Negrini) e prima de HelĂ´ (Giovanna Antonelli). Solteira e sem filhos, tem uma relação muito prĂłxima com o sobrinho Rudá (Guilherme Cabral). Sempre admirou muito a irmĂŁ mais velha; queria ser como ela. Por isso, fica ressentida ao descobrir que a irmĂŁ se casou com Moretti (Rodrigo Lombardi), seu namorado da adolescĂŞncia, a quem Guida sempre criticou.
Rudá (Guilherme Cabral) – Filho do primeiro casamento de Guida (Alessandra Negrini). Jovem antenado com o mundo digital. Tem forte conexĂŁo com a tia, Leonor (Vanessa Giacomo), e pouquĂssimo diálogo com a mĂŁe e, principalmente, com o padrasto, Moretti (Rodrigo Lombardi), que nĂŁo entende por que o jovem nĂŁo fala sobre meninas e relacionamento.
Dona Inácia (Noemia Costa) – Funcionária portuguesa da casa de Moretti (Rodrigo Lombardi), em Lisboa.
Amália (Joana Solnado) – Amiga portuguesa de Guida (Alessandra Negrini).
NĂşcleo Delegacia
HelĂ´ (Giovanna Antonelli) – Durona e justa, a delegada se especializou em crimes digitais. Está separada de Stenio (Alexandre Nero), e os dois vivem um jogo de gato e rato na relação. Já se casaram e divorciaram duas ou trĂŞs vezes quando a histĂłria começa a ser contada. EstĂŁo sempre em pĂ© de guerra por conta de suas profissões: HelĂ´ prende os bandidos que Stenio solta.
Stenio (Alexandre Nero) – Advogado, ex-marido de HelĂ´ (Giovanna Antonelli). Enquanto ela defende inocentes, ele Ă© quem, muitas vezes, advoga a favor dos culpados. Segue investindo em uma aproximação com a ex-mulher, com quem vive um jogo de gato e rato nos negĂłcios e no amor.
Creusa (Luci Pereira) – Madrinha de Brisa (Lucy Alves), volta para o Rio de Janeiro para trabalhar novamente com HelĂ´ (Giovanna Antonelli). Quer muito ajudar na reconciliação dos patrões, HelĂ´ e Stenio (Alexandre Nero).
Yone (Yohama Eshima) – Investigadora na delegacia de HelĂ´ (Giovanna Antonelli).
OlĂvia (Caroline Verban) – Secretária do escritĂłrio de advocacia de Stenio (Alexandre Nero) e LaĂs (Indira Nascimento).
Tia Cotinha (Ana Lucia Torre) – Tia de HelĂ´ (Giovanna Antonelli), Leonor (Vanessa Giacomo) e Guida (Alessandra Negrini). É na casa dela que as trĂŞs sobrinhas tentam manter algum contato, nem sempre cordial.
LaĂs (Indira Nascimento) – Advogada, Ă© sĂłcia de StĂŞnio (Alexandre Nero); faz o tipo fiel escudeira, alguĂ©m com quem se pode contar. Casada com Monteiro (Ailton Graça), com quem tem Theo (Ricardo Silva) e Isa (Duda Santos), ela nĂŁo tem tanto tempo para observar atentamente o crescimento dos dois, já que seu trabalho demanda demais.
Monteiro (AĂlton Graça) – Professor de HistĂłria, casado com LaĂs (Indira Nascimento). Formam uma famĂlia de classe mĂ©dia, estável e feliz. Pai preocupado com os filhos adolescentes, principalmente a mais velha, Isa (Duda Santos).
Isa (Duda Santos) – Filha mais velha de LaĂs (Indira Nascimento) e Monteiro (Ailton Graça). É uma adolescente alegre e cheia de artimanhas para nĂŁo cumprir as regras estipuladas pelo pai superprotetor. Adora baladas e programações com os amigos.
Theo (Ricardo Silva) – Filho caçula de LaĂs (Indira Nascimento) e Monteiro (Ailton Graça). Caseiro, Ă© capaz de passar horas a fio trancado no quarto jogando, Ă frente do computador. É por meio da internet que se conecta com o mundo.
NĂşcleo Vila Isabel
Joel (Nando Cunha) – Simpático garçom de um tradicional bar no bairro de Vila Isabel, o “Encanto da Vila”. Conhece cada cliente pelo nome e o gosto de cada um. AtravĂ©s dele, vai-se abordar o embate humanos x inteligĂŞncia artificial.
Marineide (Flavia Reis) – Diarista, esposa de Joel, mĂŁe de Karina (Danielle OlĂmpia). Acolhedora e boa amiga, recebe Brisa (Lucy Alves) em sua casa no Rio de Janeiro.
Karina (Danielle OlĂmpia) – Filha de Joel (Nando Cunha) e Marineide (Flavia Reis). Como a maioria dos jovens de sua geração, tem nas redes sociais o meio preferido de comunicação. É por lá que compartilha seus sentimentos, marca eventos e conversa com os amigos.
Espeto (Iago Pires) – Caixa do bar de Vila Isabel, onde trabalha com Joel (Nando Cunha). É um rapaz alegre, que nĂŁo consegue nĂŁo falar a verdade, e por isso acaba criando algumas confusões.
Silene (Aoxi) – Bela e incansável caçadora de sucesso e vantagens. Seu sonho Ă© ser musa da Escola de Samba de Vila Isabel.
Dona OlĂmpia (Betty Goffman) – Sabe da vida de todo o bairro. Adora uma fofoca e uma intriga.
Vandami (Raul Gazolla) – Personal trainer e professor da academia de Vila Isabel.
Nunes (OrĂŁ Figueiredo) – Dono do bar de Vila Isabel.
Cema (Dudha Moreira) – Cabeleireira do salĂŁo de beleza de Vila Isabel.
Rose (Aliny Ulbricht) – Manicure do salĂŁo de beleza de Vila Isabel.
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