Com foco em filmes nacionais, TV Brasil estreia nova faixa de cinema
O ano é 1942, o mundo enfrenta a maior guerra da história. No sertão, um alemão, que fugia dos conflitos na Europa, começa a vender aspirinas pela região e contrata um homem nordestino como ajudante. Para conquistar novos compradores, eles exibem filmes publicitários em praças de cidades pequenas. Esse é o enredo do filme Cinema, Aspirinas e Urubus, um dos destaques da nova faixa de cinema que estreia na TV Brasil no dia 18 de setembro.
A produção Ă© de 2005 e recebeu, no mesmo ano, o PrĂŞmio da Educação Nacional no Festival de Cannes. O cineasta Marcelo Gomes Ă© o responsável pelo filme e conversou com a AgĂŞncia Brasil durante as gravações do Cine Resenha, programa que vai exibir produções cinematográficas e trazer entrevistas com os responsáveis por elas. Para ele, a televisĂŁo pĂşblica Ă© o lugar ideal para que conteĂşdos nacionais e independentes sejam exibidos e alcancem todo o paĂs. “Estou muito feliz em pensar que esse filme vai passar de Norte a Sul do paĂs, em lugares que meus filmes nunca chegaram antes. Onde os cinemas nunca exibiriam esse tipo de produção. É a TV Brasil que vai poder quebrar esse bloqueio, dos cinemas que exibem majoritariamente filmes dos Estados Unidos. A televisĂŁo pĂşblica vai ajudar a tornar mais conhecidas as nossas produções. E quando a pessoa vĂŞ um filme, isso instiga a curiosidade dela. Começa a gostar e quer ver outros, conhecer melhor o cineasta e o tema”, disse Marcelo Gomes.
O cineasta e crĂtico Eduardo Valente tambĂ©m elogiou o novo projeto da TV Brasil e o espaço dado para que os produtores falem sobre os prĂłprios filmes.
“É essencial ter essa possibilidade de colocar o cinema brasileiro na televisĂŁo, principalmente na televisĂŁo pĂşblica. E Ă© especialmente importante poder contextualizar os filmes, onde foram realizados, as intenções, as linguagens que os diretores tentaram explorar. Com essas oportunidades, trazendo os conteĂşdos para a televisĂŁo, podemos ampliar a plateia e o nĂşmero de interessados pelas produções nacionais”, disse Eduardo Valente.
Nova programação
Além do Cine Resenha, a nova faixa de cinema terá quatro horários para exibição de filmes nos fins de semana: dois à tarde e dois à noite. Na programação, estão previstos destaques do cinema nacional, entre eles O Céu de Suely, de Karim Aïnouz (2006); O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho (2012); A Febre, de Maya Da-Rin (2019); e Riscado, de Gustavo Pizzi (2010).
TambĂ©m está programada uma mostra com filmes da L.C. Barreto Produções Cinematográficas, que completou 60 anos de existĂŞncia e foi responsável, durante esse tempo, por mais de 150 tĂtulos, entre filmes de ficção, documentários e programas de televisĂŁo.
A diretora de conteĂşdo e programação da TV Brasil, Antonia Pellegrino, disse que priorizar produções independentes nacionais foi uma decisĂŁo polĂtica e estratĂ©gica.
“Decidimos reunir esses talentos contemporâneos – pessoas com filmes premiados, sejam recentes ou mais antigos – e exibi-los em rede nacional. Alcançar mais pessoas, formar uma plateia maior e cumprir com os objetivos da comunicação pĂşblica. Isso Ă© prioritário para nĂłs. Fizemos um trabalho de prospecção muito cuidadoso, que envolveu uma equipe enorme e que vai começar a ser veiculado na TV em setembro. Queremos no prĂłximo ano, Ă medida que tenhamos um novo orçamento, comprar mais filmes e aumentar o espaço deles na grade. É muito importante que o setor cinematográfico entenda a TV Brasil como a tela do cinema brasileiro”, afirmou Antonia.
A gerente executiva de conteúdo da TV Brasil, Guta Ramos, destacou que 80% de toda a produção vão ser nacionais, o que inclui filmes, séries e documentários.
“Acho que Ă© importante valorizarmos a diversidade do cinema e do audiovisual. Nossos conteĂşdos precisam ser vistos e fomentados a partir da diversidade regional, de gĂŞnero, de raça. É isso que vamos fazer aqui na TV Brasil: falar desse paĂs complexo em que a gente vive e nĂŁo sĂł de um determinado nicho de produções restritas ao eixo Rio-SĂŁo Paulo”, disse Guta.
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