Beth Carvalho é homenageada no programa Samba na Gamboa, da TV Brasil
No mês em que a saudosa cantora e compositora Beth Carvalho completaria 79 anos, no último dia 5, o programa Samba na Gamboa destaca o legado da artista com repertório de clássicos da vasta obra da homenageada na edição inédita deste domingo (25), às 13h, na TV Brasil.
Para celebrar a data, a apresentadora Teresa Cristina recebe duas cantoras da nova geração, Marcelle Motta e Nina Rosa. Elas recordam histórias da Madrinha do Samba e conversam sobre a importância da diva que reverenciou os bambas, inspirou novos talentos e abriu portas para muitos artistas.
Anfitriã e convidadas cantam sucessos eternizados na interpretação de Beth Carvalho como "Andança", "Saudade Louca", "Água de Chuva no Mar", "Vou Festejar", "Ainda é Tempo pra ser Feliz" e "Samba de Arerê".
Produção original da emissora pública, o Samba na Gamboa pode ser acompanhado no app TV Brasil Play e está disponível no YouTube do canal. O programa também tem uma versão radiofônica que vai ao ar na Rádio Nacional aos sábados, ao meio-dia, para toda a rede.
Trajetória de resgate dos bambas e descoberta de talentos
Beth Carvalho cantou as músicas que foram a trilha sonora do povo brasileiro. Revolucionária, ela liderou o movimento do pagode nos anos 1970 e ao mesmo tempo resgatou a obra de bambas da velha guarda como Cartola e Nelson Cavaquinho.
Assim como Beth Carvalho, as duas convidadas buscam beber na fonte do gênero e frequentam as rodas de samba que são o espaço característico da boêmia para a expressão dessa cultura tão popular nas ruas do Rio de Janeiro.
"A Beth Carvalho é uma autêntica sambista. Além de ser uma grande cantora, ela frequentava as rodas de samba. Você ficar em roda, com os músicos, sentindo o clima, e não distante, no palco, sentir o calor do público, isso faz toda a diferença. É importante para ser uma grande intérprete como ela foi", afirma Nina Rosa. "Ela valorizava as tradições e aquela manifestação era a expressão disso", completa Marcelle Motta.
A busca pelos melhores sambas levou Beth Carvalho ao Cacique de Ramos. Lá ela encontrou uma mina de ouro com a geração de Jorge Aragão, Almir Guineto, Sombrinha e os bambas do Fundo de Quintal e tantos sambistas incríveis como Luiz Carlos da Vila. Eles introduziram instrumentos como o tantã, o banjo e o repique para mudar a sonoridade do samba.
As convidadas refletem sobre aquele encontro da intérprete com os músicos na tamarineira e como isso influencia e inspira as novas gerações. Elas destacam como a diva chegou num ambiente majoritariamente masculino e conseguiu alavancar aquele movimento. Segundo as cantoras, essa iniciativa "muda a estética e vira referência para se fazer samba", avalia Nina Rosa.
Teresa Cristina comenta que a Madrinha do Samba teve o privilégio de poder se documentar. Muitas cantoras não tiveram essa oportunidade para registrar seu início como Clementina de Jesus. "Ao mesmo tempo em que ela revolucionou o samba, Beth Carvalho também nunca deixou de olhar para os veteranos da antiga, com um olhar 360 graus", pontua a apresentadora.
A anfitriã ainda destaca a perspicácia da homenageada ao valorizar novidades como "Se a Fila Andar", de Toninho Geraes. "Beth tinha urgência. Ela sabia da sua importância como intérprete e que era um alto-falante para as obras que eram lançadas nas rodas de samba mesmo antes de serem gravadas", conta sobre essa música entoada no programa entre outras obras célebres do gênero marcadas em sua voz.
O timbre único de Beth Carvalho levou o trabalho da cantora e compositora para ecoar nos céus. Em 1997, a interpretação da estrela para o clássico "Coisinha do Pai", música de Jorge Aragão, Almir Guineto e Luís Carlos, foi escolhida pela Nasa para o espaço. A canção embalou o robô Sojourner, enviado à Marte na missão Pathfinder.
Personalidade da cena cultural carioca e ícone do samba no país, Beth Carvalho faleceu em 19 de abril de 2019, aos 72 anos, no Rio de Janeiro. Torcedora fanática do Botafogo, a Madrinha do Samba deixou um legado que se renova com as novas gerações de sambistas.
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