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Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, discute o impacto dos arranha-céus


Com o título "Cidades Verticais: o impacto dos arranha-céus", o Caminhos da Reportagem aborda pontos positivos e negativos desse tipo de construção nesta segunda (5), às 23h, na TV Brasil. A atração jornalística do canal público debate questões associadas à sustentabilidade, mudanças climáticas e aspectos sociais. O conteúdo fica disponível no app TV Brasil Play e no YouTube da emissora.

Para debater as consequências do crescimento vertical das cidades, com prédios cada vez mais altos, a produção percorre duas das cidades do país com o maior número de arranha-céus: Balneário Camboriú, em Santa Catarina, conhecida como a Dubai brasileira, e São Paulo.

A edição inédita do programa Caminhos da Reportagem também consulta especialistas para analisar essa tendência da elevação das edificações. A matéria jornalística ainda traz o depoimento de moradores dessas regiões que refletem sobre a dinâmica dessas transformações e os efeitos na vida dos habitantes.

Referências no exterior

Arranha-céu é a palavra utilizada no país para designar prédios muito altos. O termo em inglês, "skyscraper", foi inventado no final do século 19 para se referir às edificações com mais de 10 andares que começavam a despontar nos céus das metrópoles.

Hoje em dia, no mundo todo, prédios cada vez mais altos são erguidos. Segundo o Council on Tall Buildings and Urban Habitat (CTBUH), na lista dos dez mais altos, sete estão no sudeste asiático, cinco deles na China. Atualmente, o mais alto do mundo é o Burj Khalifa, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A edificação tem 163 andares e 828 metros de altura.

Dubai brasileira

Balneário Camboriú, ou simplesmente BC, no litoral de Santa Catarina, é a cidade com alguns dos prédios mais altos do país. A marca levou o município a ser conhecido como a Dubai brasileira. De acordo com o CTBUH, dos dez mais altos do Brasil, sete estão na cidade catarinense.

A arquitetura dos edifícios e as belezas naturais fizeram de Balneário Camboriú um dos destinos turísticos mais procurados do país. De acordo com a Secretaria de Turismo do município, no último verão, dois milhões de turistas visitaram a cidade litorânea.

A equipe de reportagem da TV Brasil visitou Balneário Camboriú para conhecer de perto alguns destes empreendimentos. O programa mostra um apartamento de luxo naquele que, hoje, é o prédio mais alto do Brasil, o Yachthouse, que conta com duas torres, cada uma com 81 andares e 294 metros de altura.

Para o especialista em imóveis de luxo Guilherme Pilger, a cidade é um dos melhores lugares para quem deseja trabalhar como corretor de imóveis. "Aqui é a melhor região, porque é um alto padrão. Então, qualquer venda que um corretor fizer aqui, ele realmente pode mudar de vida", explica.

O Censo do IBGE de 2022 indica que Balneário Camboriú é a segunda cidade do país com a maior proporção de habitantes morando em apartamentos: 57% da população de 140 mil pessoas. Para quem mora na cidade, nem sempre é fácil alugar um apartamento bom e barato. É o caso do motorista Teillor Edgar Kleinebing, que precisou se mudar com a família para Itajaí, cidade próxima de BC, devido ao alto valor dos aluguéis na cidade.

"Nós morávamos em Balneário há 10 anos no mesmo lugar. Então, o aluguel era um pouco mais em conta por causa do tempo que a gente estava residindo no apartamento. E o dono resolveu vender o apartamento lá em Balneário, até porque valoriza demais. Ele vendeu o apartamento e nós tivemos 30 dias para sair. Um imóvel lá em Balneário Camboriú, a gente viu que o preço estava exorbitante", afirma.

Capital paulista

São Paulo é também conhecida pelo "skyline" dos prédios altos. Apesar de vários edifícios do centro da cidade chamarem atenção pela altura, como o Edifício Itália, com 165 metros; o Altino Arantes, atual Farol Santander, com 161; e o Mirante do Vale, com 170; atualmente, o prédio mais alto da capital paulista fica na zona leste. O Platina 220 tem 50 andares e 172 metros de altura.

Há dois anos, o produtor musical Ricardo Lira mora no edifício, em um apartamento alugado. Devido às comodidades, já pensa em comprar. "Se eu não precisar sair de casa é melhor. E então se eu trago o cliente para cá, atendo no lobby do hotel ou atendo no Vila Café, para mim é maravilhoso", enfatiza.

A metrópoles paulista tem a mais forte expansão vertical do país. Dados do Secovi-SP mostram que em 2024 foram lançados cerca de 104 mil imóveis em São Paulo, um crescimento de 43% em relação ao ano anterior. Quatro em cada cinco são imóveis de até 45 metros quadrados. 66% destes lançamentos estão concentrados nos distritos mais valorizados e centrais.

O crescimento vertical tem trazido diversas outras questões. Em Pinheiros, bairro da zona oeste da cidade, moradores se mobilizam para manter o modo de vida e as casas que formam o Quadrilátero Vilas do Sol. Em 2021, solicitaram o tombamento de toda a área à Prefeitura. O parecer provisório favorável saiu dois anos depois, mas em fevereiro deste ano a maior parte das solicitações de tombamento foi arquivada e nove casas foram demolidas. No local, deve ser erguido um prédio de 26 andares.

Em frente à casa da publicitária Rosanne Brancatelli, estão os tapumes da obra do novo prédio. Ela e outros moradores fazem parte do Movimento Pró-Pinheiros. "Não é um tombamento arquitetônico. A gente não tem Notre Dame aqui, entende? [...] Não é uma coisa desse patamar, é um patamar humano, é um patamar de existência, de convivência, de modo de vida. [...] Enquanto a gente conseguiu a zona predominantemente residencial, eles conseguiram protocolo para construir um prédio da altura de 30 andares, 85 metros de altura... Então, como é que você vê essa área baixa com um prédio no coração dessa área baixa de 30 andares?", questiona.

Para o arquiteto e urbanista Valter Caldana, os prédios altos "têm efeitos positivos no sentido do adensamento, da economia, etc., mas hoje se sabe que eles têm efeitos nocivos importantes: ventilação, iluminação. questões de salubridade, impactos nos biomas, na vegetação, na fauna e na flora, são todos muito fortes, são proporcionais ao seu tamanho [...] Ou seja, se concentra a energia na verticalização, mas há os investimentos complementares, e que não são apenas complementares, que deveriam ser investimentos já estruturais, que são necessários, e não acontecem", finaliza.

Ficha técnica
Reportagem: Dimas Soldi
Produção: Thiago Padovan
Apoio à produção: Ana Graziela Aguiar
Apoio operacional à produção: Acácio Barros e Lucas Cruz
Reportagem cinematográfica: Alexandre Nascimento e JM Barboza
Apoio à reportagem cinematográfica: Cadu Pinotti
Auxílio técnico: Maurício Aurélio Marcelo
Colaboração técnica: João Batista de Lima e Wladimir Ortega
Edição de texto: Thiago Padovan
Apoio à edição de texto: Ana Graziela Aguiar
Edição e finalização de imagem: Rodrigo Botosso
Assessoria: Maura Martins
Arte: Aleixo Leite, Carol Ramos e Wagner Maia
Trilha sonora: Ricardo Vilas

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