Ariel Moshe, diretor de elenco do SBT, explica como escolhe os atores para as novelas e reflete sobre sua carreira e a nova geração
Ariel Moshe com os apresentadores Laura Castro e Nicholas Torres (Créditos: Divulgação/SBT)
O podcast “CaveCast” desta terça-feira, 20 de maio, traz uma conversa envolvente com Ariel Moshe, diretor e preparador de elenco do SBT. Com mais de 50 anos de carreira nas artes cênicas, Moshe compartilha detalhes de sua trajetória como ator, professor e diretor, além de comentar sobre os bastidores do trabalho com elencos infantis nas novelas da emissora.
Atualmente à frente do departamento de direção de elenco, Ariel conta como sua formação no teatro e no cinema contribuiu para seu trabalho na televisão. “Eu juntei duas coisas que já fazia: ensinava teatro em escolas e dirigia peças. Trago esse lado professoral e deu certo”, afirma ele no episódio, que vai ao ar às 21h30 no YouTube da TV Zyn e nas principais plataformas de áudio.
A construção do elenco infantil
Moshe explica como funciona seu trabalho: “O diretor de elenco é responsável por montar o time de atores desde o início de um projeto. Ele busca perfis que se encaixem nos personagens da obra, levando em conta idade, habilidades específicas, como canto ou dança, e outras características. O ator tem que chegar preparado para o papel”, explica.
Um dos destaques da conversa é o processo de seleção e preparação dos jovens atores, especialmente para “A Caverna Encantada”, considerada por ele uma inovação no formato: “É a primeira novela que estamos fazendo, acho que até no Brasil, com 30 atores: 15 adultos e 15 crianças. Isso é muito novo, mas deu muito certo”.
Segundo Ariel, o trabalho do diretor de elenco vai muito além de escalar atores. “Desde o início, quando se declara uma nova novela, o diretor de elenco é encarregado de buscar atores que se adequem aos personagens. Se o personagem canta, por exemplo, o ator já tem que vir preparado. Não vai aprender a cantar na novela”, explica.
Trajetória profissional
Com uma carreira iniciada nos anos 1970, Ariel tem mais de 100 espetáculos de teatro como ator, diretor e produtor, além de personagens no cinema. Na televisão, atou em “Ratimbum” da Cultura, “Perigosas Peruas” da Globo, “Essas Mulheres” da Record. No SBT, atuou em “Éramos Seis, “O Direito de Nascer”, “Chiquititas” (1997), “Câmera Café”, “Revelação” e “Vende-se Um Véu de Noiva”. Depois foi convidado pela autora Iris Abravanel, em 2011, a montar o primeiro grande elenco infantil do SBT. “Não existia elenco de criança atores na época, existia uma participação, mas não era tão forte, ela queria uma interpretação, que pudesse construir um personagem. Eu nunca tinha trabalhado com crianças, só com adultos e jovens, mas deu muito certo. Hoje amo fazer isso”, afirma.
Fez a seleção do elenco de “Carrossel”, “Chiquititas” (2013), “Cúmplices de Um Resgate”, “Carinha de Anjo”, “As Aventuras de Poliana”, “Poliana Moça” e os seriados “Patrulha Salvadora” e “A Fantástica Fábrica de Sonhos”.
Uma geração de atores-cantores
Sobre os talentos da nova geração, Ariel observa um movimento interessante. “As crianças de hoje estão se preparando cada vez mais. Quando chegam para o teste, muitas já tocam violão, piano, bateria. Estão fazendo aula de canto, de dança. O canto está na moda. A maioria já vem querendo ser ator-cantor”, relata.
O processo de gravação também exige disciplina e responsabilidade: “Elas estudam o texto em casa, às vezes com ajuda dos pais, e já chegam preparadas. Uma semana antes, elas recebem o material. Quando chegam aqui, a gente finaliza esse trabalho juntos, com ensaio e ajustes”, detalha Ariel, que divide essa etapa com a assistente Bárbara.
Desafios e paixão pela profissão
Ariel também comenta sobre os desafios da profissão de ator, destacando a escassez de oportunidades, uma realidade que atinge até grandes nomes da indústria. “Essa falta de trabalho não acontece só no Brasil, está acontecendo na Broadway também. A Meryl Streep subiu ao palco recentemente e disse: ‘Gente, estou sem trabalho’. É por isso que abrir o leque é importante. Você pode pintar, dançar, escrever, ser maquiador ou cenógrafo. As artes cênicas precisam de muitos talentos”.
Ao longo da conversa, ele ainda responde perguntas dos fãs, como “os desafios do trabalho” e “como faz para chorar em cena”.
O “CaveCast” é exibido toda terça-feira, às 21h30, no YouTube da TV Zyn e nas plataformas de áudio.
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